ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO FORTALEZA, LÚCIO BOMFIM

Presidente do Fortaleza

Presidente do Fortaleza diz que situação não é desesperadora, e sim preocupante. Mas admite que as dificuldades foram muitas em virtude de contratações que não deram certo, outras que vieram para entrar em forma e, ainda por cima, a cobrança interna e externa sobre o Tricolor do Pici

Presidente Lúcio Bomfim, como o senhor, pessoalmente, vê a situação do Fortaleza na Série B do Brasileiro de 2009?

Não diria que neste mo momento seja uma situação desesperadora, porque não é. Se formos analisar, não é. É preocupante. E tudo isso a gente viveu num passado muito recente, que foi a Série B do ano passado.

Presidente, exatamente no ano passado, o clube passou sufoco do mesmo jeito, o que houve de errado desta vez?

É difícil se dizer rapidamente ou encontrar apenas uma explicação. O que posso dizer é que nós erramos no critério de contratação de alguns jogadores e da comissão técnica. Mas, tudo isso você faz com o intuito de acertar.

Foi um erro do senhor, ou de todos da diretoria?

Não, meu individual, mas de todos da diretoria. O que acontece é que você contrata uma comissão técnica com a melhor das intenções. Quando o novo técnico chega, ele indica alguns jogadores que são da confiança dele. Aí, você traz os atletas e eles não correspondem ao que você esperava, então o problema se agrava com essas contratações que não dão certo, tanto de comissão técnica como de jogadores e tudo se complica.

Especificamente em 2008, o que a direção fez de errado?

Nós partimos de uma premissa errada, a de que, bom é o time caro. O que ganhava campeonato, naquela nossa visão, era o elenco experiente e com custo elevado.

O time do ano passado era melhor do que este atual?

Não, eu não diria isso. Individualmente, o time atual tem melhores jogadores que o do ano passado, mas essa é uma discussão que pouco importa no momento, porque nos números, os dois times se igualam.

O time deste ano foi tricampeão estadual, com méritos e nas finais apresentou-se melhor que o Ceará, o que aconteceu para tudo acabar assim?

Nosso time do início do ano não foi melhor que o Ceará mas manteve um equilíbrio que nos permitiu ganhar o título. Mas, existem três setores que cobram demais e esta cobrança exagerada, acaba atrapalhando a administração de um clube. Os três setores são a imprensa, torcida e alguns conselheiros. É cobrança diariamente em cima dos dirigentes. Há programas esportivos fazendo análises diárias sobre a vida do clube, aí entram na vida do dirigente também, muitas vezes sem nenhum conhecimento de como é a administração de um clube de futebol.

Em que resultam as cobranças desses setores a que o senhor se refere nesse momento?

Resultam nas decisões erradas, que tomamos por pressão. Há uma pressão interna e externa. Por conta de cobranças como essa, trocamos várias vezes de técnico. Sou contra mudanças constantes no comando técnico. Acaba refletindo no grupo.

Mas, o que aconteceu mesmo com o elenco tricampeão?

Nós precisávamos contratar porque diziam que o time não iria para lugar nenhum. Porém, como perdemos os quatro primeiros jogos da Série B, o planejamento mudou. Agora, por qual razão perdemos? Por várias, porém, por conta da questão dos critérios, chegaram vários jogadores que não fizeram pré-temporada, estavam sem ritmo, então formou-se um grupo desequilibrado nesse aspecto, sem homogeneidade.

Por que o senhor não ficou com alguns dos jogadores da campanha passada?

Nós continuamos com o Douglas, Eusébio, Guto, Bismarck e Leandro. A questão é que tínhamos jogadores caros e não era possível se passar de um ano para outro com um elenco com folha alta. O plantel desse ano custa menos da metade do que custou o time do ano passado. Este ano, fizemos bem em trazer jogadores mais jovens e conseguimos manter o planejamento, apesar da torcida não aparecer. Fomos tricampeões e no primeiro jogo da Série B, a torcida não nos prestigiou, tal vez por medo de violência no estádio, etc.

O elenco está em dia?

Esta semana vamos quitar o mês de setembro. Entendemos que a obrigação salarial que temos com eles não tem nada a ver com a campanha do time na Série B. Temos obrigações para com o grupo de jogadores e funcionários e vamos honrá-las.

O senhor ainda paga as contas da administração do ano passado?

Não apenas do ano passado, mas de outros anos também. Fazendo uma retrospectiva, existem contas dos anos de 2003, 2004, 2007 e 2008. Um goleiro chamado Marcos Vinícius, que eu nem me lembro quem é, ganhou na Justiça do Trabalho um valor muito elevado do Fortaleza. Então, nós fizemos um acordo e vamos pagar o parcelamento até o final. Do ano de 2007, existem dois jogadores que ainda não receberam o que têm direito, mas vamos pagá-los.

Muitos falam que os problemas do Fortaleza vêm desde a época do gerente Paulo Pelaipe.

Foi outro momento em que a cobrança foi exagerada. O Pelaipe passou quatro anos no Grêmio/RS e tem mais experiência do que nós. Aí, a torcida e a imprensa acharam que ele não era importante. O Ribamar Bezerra trouxe o Toninho Cecílio para ser gerente. O Desidério (Marcello, ex-presidente), trouxe o Paulo Behring e depois o Edson Palomares. Então, o Pelaipe veio para nos ajudar, mas você fica sendo avaliado todo o dia pelos programas, então não é possível. Gostaria de lembrar que eu tenho apenas um ano como diretor do time profissional. Eu venho do amador, onde você trabalha com mais tranquilidade.

O senhor pensa em largar o clube, se o time cair?

Eu confio na recuperação do nosso time. Ano passado, de quatro jogos, tínhamos que vencer três deles e nós conseguimos. Eu pretendo cumprir todo o meu mandato, que vai até final de 2010.

Vai ter esse prêmio de R$ 1 milhão para o elenco, para que o time não seja rebaixado?

Não. Agora, fizemos um acordo e haverá bicho por vitória. A cada jogo que vencerem, eles vão receber. Tínhamos uma gratificação para o time subir. Para evitar uma queda, não terá mais.

0 comentários: