Detalhes da partida e comentarias do jogo do Fortaleza contra o Ceará

DOMÍNIO APARENTE - Foi uma partida bem movimentada. Nos primeiros dez minutos o Fortaleza dominou as ações, teve mais posse de bola, porém em domínio que podemos denominar de aparente, pois, efetivamente não resultou em jogadas mais objetivas em direção ao gol. A partir do décimo primeiro minuto e até os quinze o jogo esteve muito parelho, até porque o Tricolor não mais fustigava o oponente com a mesma força e vigor. Jogasse mais verticalmente e tivesse mais ímpeto para entrar na área e poderia ter construído a vitória nos minutos iniciais, infelizmente a supremacia do Fortaleza não resultou em bons frutos por se constituir numa espécie de preeminência que os analistas costumam cognominar de “domínio aparente”.

MEIO DE CAMPO NA RODA - Depois dos vinte minutos a situação se inverteu. A boa defesa do oponente passou a refrear um pouco mais as nossas investidas, especialmente com o Reginaldo Júnior que, em toda a partida viria a se constituir num dos melhores, se não o melhor jogador do Fortaleza. Passamos a perder o meio de campo,  que não seria uma novidade, posto que é sabido que esse compartimento do rival, de tanto tempo que joga junto e por ser formado de jogadores de bons atributos técnicos, e essa é a verdade absoluta, e não apologia do inimigo, fatalmente passaria a se assenhorear das ações e, queiramos ou não, colou o nosso meio de campo na roda.

NA CARA DO GOL COM TRÊS TOQUES - A partir desse predomínio e dessa supremacia do antagonista no setor do campo onde costumamos dizer que “as coisas acontecem”, menos no Fortaleza, vimos nitidamente a diferença, especialmente tática, entre os dois esquadrões. No caso do Fortaleza, enquanto foi o senhorio detinha a posse da bola, mas não sabia o que fazer e em termos ofensivos vivia das arrancadas isoladas do Reginaldo Júnior que, tentou e lutou, mas é sabido que uma andorinha só não faz verão, não conseguindo, pois, penetrar de forma eficiente na área adversária. O rival quando passou a dominar saia em velocidade e praticamente com três toques ficava na cara do gol

FAZ GOL QUEM O PROCURA - O nosso objetivo não é o de examinar lance por lance da partida, até porque essa é uma função dos analistas, queremos deixar patente que se de um lado tínhamos um time indeciso, do outro, o adversários adotava uma postura dinâmica que, incontestavelmente rinha como escopo a busca incessante do gol.Afora o lance da penalidade legítima, clara e incontestável não assinalada sobre o Léo Andrade, em que foi empurrado com o braço por cima e aterrado por baixo, reconhecida pelos analistas imparciais,   e mais uns dois chutes a gol meio despretensiosos o Fortaleza no primeiro tempo pouco produziu. Passasse a noite toda dominando o embate e dificilmente conseguiria vazar a meta adversária pela falta  de agressividade,  a sua marca registrada em toda a partida. Faz gol quem o procura.

ALVOS PELO FABIANO - O oponente tinha uma postura agressiva, e mesmo tocando a bola como se nada quisesse, o fazia de forma organizada e com uma precisão cirúrgica, tanto é que praticamente não errava um passe sequer, enquanto o nosso meio de campo excedia e se superava em erros. Mercê dessa qualidade construiu inúmeras oportunidades para marcar, uma delas com o Iarley que chegou milimetricamente atrasado e outras que exigiram grandes defesas do Fabiano, a exemplo de um chute do Vicente,  e que o consagraram como o melhor jogador do primeiro tempo e quiçá da partida. Nos dois períodos distintos de domínio, a bem da verdade, o nosso opositor esteve sempre mais perto do gol. Forçoso dizer, mas é a verdade.
LIBERDADE PARA OS LATERAIS - E por que ocorria esse domínio tão acentuado e visível a olho nu? Simplesmente pela qualidade do meio campo do adversário, sobre a qual nos reportamos e pelo fato dos seus dois laterais terem passado a jogar praticamente dentro do nosso campo, enquanto os nossos se mantinha muito presos ao chão, não passando divisória do gramado, não sei se por motivos táticos ou por falta de inspiração, o certo é que não reeditaram as últimas atuações.
COXILO - No segundo tempo, exatamente no que fomos derrotados, a pressão não foi tanta e me arriscaria a dizer que o jogo foi relativamente equilibrado e teria ficado em zero a zero se não fosse uma série de equívocos do nosso treinador e da sua reconhecida falta de sorte diante do nosso rival, a já se vão dois jogos,  que se materializou nas modificações que via de regra, nunca dão certo. No nosso rival ocorreu exatamente o contrário, os novos jogadores se encaixaram como uma luva, tanto é que nosso primeiro coxilo, em que o Marcos Paulo perdeu uma bola infantilmente no meio, o Nicácio recebeu o lançamento do volante ceareano, serviu o Osvaldo que, mais veloz que a defesa, na saída do Fabiano tocou por cima para o fundo das redes. Foram exatamente três toques que comprovam a objetividade e a eficiência da qual falei anteriormente.
NÍVEL DAS SUBSTITUIÇÕES - Não vamos dizer de repente que houve competência por parte de um treinador e incompetência do outro. Primeiro temos que analisar o nível dos substitutos dos dois lados. No lado do nosso rival, o Nicácio e o Osvaldo, que engendraram o gol, não faz muito tempo foram ídolos do Fortaleza e o Sérgio Mota andou sendo titular do São Paulo e é um jogador de qualidade. Colocamos em campo o Leandro, esforçado, porém sem muita técnica, O Cleiton que até hoje não disse a que veio e o Tatu, o imprevisível de sempre, que nem poderia resolver a questão,visto que o nosso setor de articulação havia sido esfacelado.
ERRO DE ESTRATÉRGIA - Além da diferença técnica gritante entre os jogadores, a estratégia, quando das substituições, por parte dos dois técnicos foi diametralmente oposta.  O Dimas optou por ser mais ofensivo, tirando um defensor para colocar um homem de articulação, o Sérgio Mota, que reforçou ainda mais um setor que já estava dominado e no ataque pôs dois jogadores que fizeram a diferença. O Flávio, pelo contrário tirou os dois meias para colocar um volante e um meia que está devendo uma boa apresentação e que em nada acrescentou ao espetáculo e às nossas pretensões. Mandou a campo um atacante, tirando outro, trocando seis por meia dúzia, no momento em que mais precisávamos de gol, cuja lógica recomendava que se tirasse um defensor para por mais avante. Concluímos desse modo que a questão não se resume aos adjetivos competência e incompetência e sim à leitura correta do jogo, quesito em que o Flávio Araújo não foi feliz.
LIGADOS E ACESOS - Para encerrar a questão eu diria que um jogo que se arrastava para as penalidades foi decidido exclusivamente em função do talento dos jogadores do rival que aflorou no momento preciso. Enquanto a nossa defesa tirava a sesta, sofrendo um gol que poderia ter sido evitado e o meio de campo errou um passe com tantos, mas desta vez a falha sendo crucial,  o sistema de contenção do oponente estava “ligado” e os atacantes “acessos”, aproveitando-se com sucesso e eficiência da falha coletiva e gritante da nossa retaguarda. Numa decisão ganha mais quem perde menos.
TOQUE DE LETRA -  Ficou provado mais uma vez que nas partidas em que o treinador Flávio Araújo foi corajoso o Fortaleza se deu bem e que, nos embates em que se acovardou e apequenou o time e, por extensão o clube, fomos inapelavelmente derrotados. Não digo que tenha levado um nó tático do seu colega de profissão e antagonista, não gosto desse termo, prefiro afirmar que faltou ao nosso treinador um pouco mais de percepção e de vontade de ganhar o jogo. No momento em que se entrincheirou na defesa dando a nítida impressão que esperava o apito final para decidir nos pênaltis recebeu o castigo merecido de um rival que lutava por outro desfecho e que foi feliz na sua estratégia.
PENSAMENTO – O medo de vencer tira a vontade de ganhar. (Wanderley Luxemburgo).

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