1991 À 2000

Começamos 1991 com mais um brasileiro. Na 2ª divisão, dividimos o grupo B com ABC e América de Natal, Auto Esporte e Parnaíba do Piauí, Moto Clube de São Luis, além de Ceará e Ferroviário locais. Só classificavam dois times, e ficamos em 3º a um ponto do ABC. A campanha foi cinco vitórias, sete empates e 2 derrotas, marcando 17 e sofrendo 11 gols. Terminamos em 18º lugar entre 64 clubes. O estadual começou em agosto de 1990, com o 1º turno sendo nosso, vencendo o Ferroviário. A CBF, com o nacional no 1º semestre, interrompeu o campeonato que só voltou em julho de 1991. O Fortaleza ficou fora da decisão do 2º turno, que o Ceará venceu batendo o Icasa. Para o 3º turno, o Fortaleza faz uma revolução. O austero Péricles Mulatinho, Presidente do clube, não queria gastar, mas conselheiros do Fortaleza, capitaneados por Fernando Silva e Flávio Novaes, trazem Josimar, destaque da copa de cinco anos antes, e uma contratação bombástica: o atacante Mirandinha, recém-vindo da Inglaterra, onde defendera o Newcastle, é contratado, apesar da desaprovação do Presidente. Fernando Silva ligou para Mulatinho dizendo:

- O Mirandinha chega hoje à tarde no aeroporto com contrato assinado. Vai lá e diz a ele que não o quer. Aproveita e diz para os torcedores também, pois avisei todo mundo.

A contratação mexe com a cidade, a ponto de do Ceará tentar compensar trazendo Cláudio Adão, que não obteve o mesmo sucesso, como veremos. No 3º turno, passamos da semifinal, eliminando o Quixadá. Duas partidas contra o Ceará decidem o 3º turno. Estádio abarrotado vê um 1x1 na 1ª partida. Na 2ª, 0x0. Na prorrogação, o Fortaleza vence por 1x0. Nas finais do 4º turno, mais um show de Mirandinha. Jogando a semifinal contra o Ceará, saímos perdendo, mais viramos a partida na prorrogação para 4x2 (2x2 no tempo normal). O que parecia uma formalidade, quase vira drama na final contra o Icasa. Perdemos em Juazeiro por 3x2. Na partida de volta, um 0x0 se arrasta até quase o final da partida, quando Mirandinha resolve partir para cima dos zagueiros e marcar um belo gol. Na prorrogação empate sem gols. A conquista do turno só vem nos pênaltis (6x5). A final do campeonato foi no dia 15/12/1991, quando saindo atrás do marcador, Mirandinha faz o gol do título, tão esperado. O time campeão era Jorge Pinheiro, Expedito, Paulo Sérgio (Argeu), Eduardo e Canhoto; China, Josimar e Eliézer (Valdir); Silvio (Carlos Alberto), Mirandinha e Marquinhos Capivara (Tangerina). O técnico era Ney Eloi. O artilheiro também foi tricolor; Silvio, com 18 gols marcados.

O Campeonato Brasileiro de 1992 mudava a regra. Por causa da participação do Grêmio, doze equipes seriam promovidas a 1ª divisão. No grupo um, Santa Cruz, Fortaleza, Ceará, Campinense, Picos, CSA, ABC e Central. Nesta ordem foi a classificação. Promovidos os três primeiros. Na 2ª fase, um quadrangular envolvendo Remo, Fortaleza, Santa Cruz e Ceará. Somente o Ceará, lanterna deste grupo, não classificou. Na 3ª fase, disputamos com Vitória, Santa Cruz e Remo. O Vitória venceu o grupo, e perdemos a classificação para o quadrangular final no saldo de gols para o Santa Cruz. Fomos 7º lugar entre 32 clubes. Apesar da boa campanha, a classificação para a 1ª divisão foi conseguida de forma dramática, pois todos os resultados da última rodada na 1ª fase nos eram desfavoráveis. No dia oito de abril vencemos o Santa Cruz em Recife por 1x0, assegurando a promoção. Na Copa do Brasil, vencemos o Taguatinga, mas caímos diante o Sport de Recife nas oitavas de final.

O cearense de 92 merece uma explicação. No 1º turno, o quadrangular final reuniu os dois clubes de Juazeiro (Icasa e Guarani) e dois da capital (Fortaleza e Tiradentes). A disputa foi entre Fortaleza e Tiradentes, decidido no dia 02/08/92 com categóricos 2x0. Mas, no dia 22/07/92 um julgamento no TJD mudaria os destinos do campeonato. Fernando, atleta amador do Ceará, não resistindo à paixão clubística, resolve ir para o Fortaleza. Neste dia, é julgado o pedido do Ceará para reavê-lo. O Fortaleza ganha a causa, mas joga no mesmo dia contra o Guarani de Juazeiro (2 horas depois). A profissionalização do atleta só é dada entrada no expediente posterior, ou seja, no dia seguinte. O Tiradentes, bancado pelo Ceará, protesta contra a escalação do atleta amador. A Federação Cearense de Futebol, administrativamente, informa que não ouve dolo, e o atleta estava regular. Novo protesto do laranja, e o TJD decide que o atleta jogou regular, pois não havia como profissionalizá-lo depois do expediente do TJD, com a FCF fechada. Terceira vitória do Fortaleza no caso. O campeonato segue. O 2º turno é do Ceará. No STJD, o Fortaleza perde a causa, com a pena (perda de cinco pontos) sendo imputada no total do campeonato, como rezava a Lei, nada alterando a classificação do 1º turno. Quarta vitória no caso. No 3º turno, o Fortaleza começa mal, perdendo para o Ceará e empatando com o Icasa. Após quatro rodadas, o Ceará (que havia vencido seus quatro compromissos) tinha três pontos de vantagem. Dia 29/11 Ceará precisa de um empate para ganhar o 3º turno, mas perde por 2x0 para o Leão. No dia 02/12, o Fortaleza joga e vence por 3x0 o Icasa, enquanto o Ceará jogava contra o Guarani no Castelão. O jogo do adversário se prolongou, e um gol no final, deu a vitória ao Guarani, e o turno ao Fortaleza, para delírio da torcida que não arredou pé do Estádio Presidente Vargas. A final foi marcada para o dia 06/12. Osmar, logo no começo, fez 1x0. O Ceará só empatou aos 44 do 2º tempo, sem acabar com a festa do título. Quatro dias depois, já sem o pudor de se esconder atrás de um outro time, o Ceará finalmente obtém uma vitória que não conseguiu no campo, e reverte na 5ª tentativa a conquista do tricolor. O STJD decide em grau de recurso retirar os pontos no quadrangular do 1º turno, dando-o para o Tiradentes. Falou-se de presentes e trabalho de bastidores para essa extemporânea decisão. O impasse está criado. O campeonato deveria ser decidido por Tiradentes (1º turno), Ceará (2º turno), Fortaleza (3º turno) e Icasa (maior número de pontos, fora os vencedores de turno). O Ceará, sempre trabalhando nos bastidores, contrata o atacante tricolor Osmar, para desfalcar nosso clube na pretensa final. O Fortaleza, inconformado com a decisão contrária ao entendimento formal da FCF, do TJD e do próprio STJD, que estranhamente mudou de opinião, entrou na justiça comum para impedir o quadrangular. A Federação, tentando compor, proclamou os quatro clubes campeões, e deu a vaga na Copa do Brasil ao Ceará. Difícil de engolir. Ainda hoje, tramita na Justiça Cível o processo, que ainda fará justiça ao campeão no gramado. No campo, o único clube campeão jogava com Banana(Claudecir), Expedito, Sergio Odilon, Argeu e Alberis; Da Silva(Fernando), Eliezer e Josué (China); Osmar (Josenilton), Tangerina (Marcelo Henrique) e Nando (Jorge Veras). O treinador foi César Morais. O artilheiro foi Osmar, com 17 gols.

No cearense de 1993 a final do 1º turno foi 1x1 entre Fortaleza e Ceará. O Adversário jogava pelo empate. Só chegamos a final novamente no 3º turno, mas perdemos de 2x0. Elói, do Fortaleza, com 19 gols foi artilheiro estadual. No brasileiro, a classificação para a 1ª divisão de nada valeu. A CBF dividiu os clubes entre os que podiam cair e os que não caiam de jeito nenhum. Terminamos em 27º lugar à frente de Fluminense, Desportiva, Bahia, Botafogo e Atlético-MG. Desses, rebaixado apenas a Desportiva.

O ano de 1994 foi muito ruim. No estadual, o Ferroviário vence com facilidade. No brasileiro da Serie B, numa péssima campanha, somos 23º colocado, à frente apenas do Tiradentes-DF.

Nova campanha fraca no estadual em 1995. Disputamos apenas a final do 3º turno e perdemos. O Ferroviário ganhou novamente, decidindo o título com o Icasa. No brasileiro, jogamos na 3ª divisão, reflexo da campanha ruim anterior. Na 1ª fase, contra Ferroviário, Alecrim e Potiguar, somos 1º do grupo 11. Na 2ª fase, passamos pelo Santa Cruz-PB com vitória e empate. Na 3ª fase o adversário é o Flamengo-PI, e vencemos duas vezes. Ficamos nas oitavas de final contra o ABC (3x2 e 1x3). Somos o 9º lugar entre 107 clubes.

Para 1996, o Fortaleza resolveu fazer peneirada para formar o time titular. Só podia dar em campanha fraca. Ainda decidimos o 1º turno contra o Ceará, vencendo a 1ª por 2x0. No 2º jogo, o árbitro Dacildo Mourão expulsou dois atletas tricolores antes dos 15 minutos do 1º tempo, mostrando-se estranhamente perdido. Perdemos apertado por 2x1. Na prorrogação, o juiz resolve compensar expulsando dois do adversário, mas nosso time, jogando inferiorizado por muito tempo, não teve forças para vencer. Perdemos nos pênaltis. No 2º turno, caímos na semifinal contra o Itapipoca. No 3º turno, nosso algoz foi o Quixadá, também nas semifinais. O Leãozinho é campeão amador cearense. O Ferroviário tem seu tri-campeonato tomado de forma feia, na final. No 2º semestre, 60 clubes partem em busca do título da serie C. O grupo 4, com Fortaleza, Ferroviário, além dos piauienses Corisabbá e Ríver, e vencido por nós. Um empate e uma derrota na 2ª fase contra o Sampaio Correa nos eliminam. Terminamos em 19º lugar.

Em 1997, na 3ª tentativa, o Cronista Esportivo e Comerciante Osvaldo Azim Filho vence a eleição no Fortaleza. O clube vinha muito mal administrado, tanto no futebol quanto administrativamente, atolado em causas trabalhistas. O novo Presidente não conquista a simpatia dos torcedores e da crônica esportiva, mas deixa um legado. Livra o Fortaleza dos Tribunais do Trabalho e dos descontos em renda, situação que perdura até hoje. O time formado é dos desconhecidos Adriano Gaúcho, Sandro, Frank, Paulo Silva e Alemão. Atletas cearenses como Solimar e Serrinha, além de juvenis completam o quadro. Mas o time surpreende. Começando com uma vitória por 7x1, com quatro gols de Sandro, o Fortaleza marcha tranqüilo para vencer o 1º turno, após vários anos. No quadrangular, a vantagem do Ceará de dois pontos extras é revertida logo na estréia, com vitória por 3x2. O turno é vencido ganhando do Ferroviário por 2x0. No início do 2º turno, outra jogada de bastidores decide o campeonato. O treinador e o goleiro titular deixam o Fortaleza pelo rival quando ninguém mais pode ser contratado. O treinador vai ser atendente de enfermagem em um hospital, e o goleiro fica comendo e dormindo até o 2º semestre. A saída do goleiro acaba sendo decisiva. Perdemos o 2º turno, e na final, depois de dois empates (0x0 e 2x2), tomamos um gol bobo de cabeça no final da prorrogação, devido à baixa estatura e inexperiência do goleiro juvenil Aderson. O atacante Sandro bate o recorde de gols em campeonatos estaduais, com 39 tentos marcados. Pela Copa do Brasil, após passar pelo Bacabal do Maranhão, somos desclassificados em duas grandes partidas contra o Grêmio (2x3 e 3x1). No Nordestão, saimos na primeira fase. Para o brasileiro, o time e desmanchado e a campanha é ruim. Somos o 52º entre 64 clubes.

A campanha no estadual de 1998 foi uma das piores da história tricolor. Somos 6º lugar entre as dez equipes. A campanha foi tão ruim que o Presidente foi derrubado. Na final, um clube contratou um time inteiro para disputar três partidas e venceu o campeonato. Parece que o dinheiro não foi pago, pois a conquista foi fria, sem volta olímpica. No brasileiro, uma campanha um pouco melhor que a anterior, mas sem empolgar. Somos o 39º entre 65 clubes. Perdemos jogos para clubes como Viana do Maranhão e Picos do Piauí. Na Copa do Nordeste, passamos da primeira fase junto com o ABC, e o grupo D desclassifica Sport e Treze. Na segunda fase, classifica-se para a final no nosso grupo o Vitória.

As fracas campanhas dos clubes cearenses no brasileiro do ano anterior fazem a FCF iniciar o estadual de 1999 ainda em novembro de 98. No 1º turno, vencemos o Ceará por 2x1 na 1ª partida (dois gols de Gleison), e perdemos a 2ª partida por 1x0, quando inexplicavelmente nosso treinador sacou de campo nosso atacante, após tomarmos o gol no começo do jogo. A derrota vem nos pênaltis. Após a justa demissão do treinador, chegamos novamente à decisão do 3º turno (O Juazeiro venceu o 2º turno). Mas o início no triangular final é desastroso. Empatamos contra o Juazeiro e perdemos para o Ceará. Jogando em Juazeiro, vencemos por 3x2. Ficamos na dependência do Juazeiro nos colocar no páreo. Mas logo após ser derrotado pelo tricolor, o Presidente do clube juazeirense, o conselheiro do Ceará Cleber Lavor, deu entrevistas afirmando que iria entregar o jogo, garantindo assim o vice-campeonato, mostrando pouca disposição de ser campeão, para decepção e vergonha do bravo povo caririense. O time em campo cumpre a promessa feita aos microfones e perde de 5x0. Neste campeonato, o Fortaleza humilhou o Ceará em uma goleada por sete tentos a dois. Outra campanha fraca no brasileiro da Serie C (22º lugar entre 36 clubes) deixa o Fortaleza em grave crise administrativa. Ficamos fora da Copa do Nordeste, para azar do futebol cearense. Os representantes cearenses, Ceará e Ferroviário, em um grupo com ABC e América de Natal, são desclassificados na primeira fase, para ABC e América.

Enquanto o rival anunciava uma parceria com poderoso grupo econômico, em uma reunião no escritório do Empresário Ribamar Bezerra entre conselheiros tricolores chega a ser colocada em votação uma licença do clube, devido aos péssimos resultados. Mas o futuro não estava escrito. Quem se imaginava rico e vencedor, entrou numa rotina de derrotas. Quem parecia derrotado, reencontrou seu caminho de vitórias, característica de nosso amado clube.

O ano de 2000 aponta uma nova diretoria, com o Advogado Jorge Mota à frente. O respaldo vem de tricolores como Ribamar Bezerra e Flávio Novais, entre outros. Começa mais um estadual. Vencemos o Guarany em Sobral, mais perdemos para o Juazeiro em casa, logo a seguir. Daí em diante, seqüência de vitórias, terminando a fase preliminar em primeiro, goleando mais uma vez o Ceará, por 4x0. As semifinais nos colocam novamente frente ao clube de Juazeiro do Norte. Perdemos antes do carnaval por 2x0, fora de casa. No dia 8 de maio, quarta-feira de cinzas, com o Presidente Vargas totalmente lotado, o Fortaleza vence por 2x0, devolvendo o placar. Prorrogação sem gols e perdemos a vaga na final nos pênaltis (2x3). O Ceará, dono de fabuloso patrocínio, vence o turno.

Para o returno, a contratação do treinador Ferdinando Teixeira e poucas contratações mudam nossa postura. Uma excelente campanha novamente na fase classificatória do returno. Somos derrotados pelo Guarany (S) na rodada final, com time misto. As semifinais nos colocam frente ao Ceará. Era a chance deles, pois vinham entalados por três vitórias seguidas nossas. Quer dizer, cinco seguidas. Ganhamos as duas (3x0 e 2x1). A final é contra o Itapipoca, e vencemos por 2x1.

Neste contexto, a gestora do Ceará, insatisfeita com as fracas vendas do produto colocado a venda (torcedor da sorte, um título de capitalização), resolve injetar R$ 150.000,00 no Fortaleza para ele aderir ao produto. Este dinheiro faz grande diferença no clube, bem administrado mais sem recursos. O terceiro turno conta apenas com os seis melhores até então. Terminamos a frente novamente. Contra o Ceará, mais uma vitória e um empate (depois de seis seguidas, eles tinham que conseguir não perder um dia). A decisão é contra o Juazeiro. Vencemos o terceiro turno ganhando a final por 2x1.

A final fica para a cidade de Sobral, por causa da interdição do estádio Castelão. Após sair perdendo, empatamos com um belo gol de Daniel Frasson aos 36 do segundo tempo. O Fortaleza é novamente campeão com Maisena, Ronald (Jaime), Junior Paulista, Denilson (Carlinhos) e Ivan; Dude, Pires (Rogers), Bechara e Daniel Frasson; Eron e Vinícius.

Ainda no primeiro semestre, a Copa do Nordeste, sem o Fortaleza, novo fracasso dos cearenses Ceará e Juazeiro, despachados na primeira fase.

Ao final do brasileiro de 1999, o Gama contestava seu injusto rebaixamento, causado por remanejamento de pontos no STJD, para beneficiar o Botafogo. Buscando a justiça comum, obtêm êxito, criando um impasse. A CBF abre mão de organizar a competição, delegando ao clube dos treze a empreitada. O Gama é incluído, com o cancelamento dos rebaixamentos, e um torneio (depois oficializado pela CBF) com 115 clubes, divididos em quatro módulos, tem início. Um módulo verde (suposta primeira divisão) com 25 clubes, o módulo amarelo (segunda divisão) com 36 clubes, e os módulos azul e branco com os restantes. Para as finais, 12 do módulo verde, 3 do amarelo e um dos módulos azul e branco. No grupo B do módulo amarelo, o Fortaleza faz bonito e vence a primeira fase (10V, 5E e 2D). Na segunda fase, passamos pelo Avaí em dois jogos (2x0 e 1x2). Ficamos na terceira fase contra o Paysandu. Nossa classificação geral é de 33º lugar, entre todos os clubes.

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