1981 À 1990

A Taça de Ouro (1ª divisão nacional) abre o calendário em 1981. Nossa campanha é cheia de empates (2v, 9e, 4d) e ficamos em 30º entre 44 clubes. No estadual ficamos fora da briga, chegando a decidir apenas o 2º turno.

Em 1982 começamos o ano pela Taça de Prata (2ª divisão nacional). No grupo A, somos classificados junto com o Tiradentes-PI, e são desclassificados Remo-PA, Sampaio Correa-MA, Fast Club-AM e Tiradentes-CE. A 2ª fase classificava uma equipe para a Taça de Ouro no mesmo ano, e dava outra vaga para seguir na Taça de Prata. Caímos no grupo do Corinthians Paulista, que vence o grupo e é promovido. Seguimos no campeonato, terminando-o em 9º lugar entre as 44 equipes.

No estadual começamos com outra postura. Com o time afastado do título, Silvio Carlos assume o comando e é agressivo nas contratações e palavras. Tira o goleiro do Ferroviário (Salvino), os craques do Ceará Pedro Basílio e Zé Eduardo, contrata o zagueiro Chagas, do Vasco da Gama, o ponta direita Geraldinho, do Fluminense, Adilton, do Flamengo, além de outros atletas como Miltão, Nelson e Assis Paraíba. O time impõe respeito, vence o 1º e o 2º turno. Relaxa no 3º turno, perdendo-o para o Ferroviário. O clube que a imprensa considerava campeão, com um novo e milionário presidente (Antonio Góis), não vence nenhum turno. No jogo extra, surpreendente derrota por 1x0, com Zé Eduardo desperdiçando um pênalti que nos daria o título. Nas finais (em melhor de três partidas), empate de 1x1 no 1º jogo (Beijoca, descontando Jorge Veras) e empate de 2x2 no 2º jogo (Nelson e Assis Paraíba, descontando Paulo César e Chagas contra). Na 3ª partida, com muita expectativa da torcida Tricolor, o Fortaleza abre o placar logo aos 14 minutos, com Adilton. Foi demais para o coração do treinador Moésio Gomes. Sentindo-se mal, foi transportado às pressas para o Hospital de Messejana, só sabendo do placar final no dia seguinte. O Fortaleza ganhou de 4x0 (Adilton (3) e Roner) perante 39.755 torcedores pagantes, jogando com Salvino, Alexandre, Pedro Basílio, Chagas e Roner; Nelson, Zé Eduardo, e Assis Paraíba; Geraldinho (Miltão), Adilton e Edmar (Romário).

O detalhe deste ano, entre muitos, é a contratação de Pedro Basílio. Cria da casa, o craque foi vendido ao Sport de Recife. Voltou ao nosso futebol para jogar no Ceará em 1980. Inconformado com isto, e com o pretexto de movimentar nosso futebol, o presidente Silvio Carlos propõe uma troca com o rival. Mazolinha, ponta direita, por Basílio. Mas Silvio toma suas providências; na noite anterior ao dia da reunião, avisa Mazolinha da troca, e pede que ele chegue ao local determinado às 8 horas da manhã. Procura Pedro Basílio também, lhe dá a boa notícia, faz festa, lhe adianta algum para comemorar e pede que ele esteja pronto para a reunião, que seria de tarde. No dia seguinte, encarrega alguém para ir na casa do Basílio, acordá-lo (no estado que estivesse) e trazê-lo. Sílvio comparece à reunião preocupado com a quantia, ainda não acertada, que o Fortaleza deveria pagar como compensação pela troca. Tudo sai perfeito. Mazolinha se apresenta banhado, perfumado e barba bem feita. Basílio aparece de ressaca, em desalinho e com barba por fazer. Então Sílvio começa o seu discurso:

- "Vou desistir. Trocar um cidadão, por este atleta em estado lastimável?"

E o Basílio começava:

- "Mas seu Sílvio..." - No que era prontamente interrompido. Ou convenientemente interrompido.

A diretoria adversária ponderou que a imprensa estava lá fora, não dava mais para desfazer, etc, e, mediante uma boa compensação financeira para o Fortaleza, a troca foi feita. O iguatuense Pedro Basílio foi um notável ganhador de estaduais. Na sua longa carreira, raramente terminava o ano sem faixa. Apesar da fama (a bem da verdade justa) de cervejeiro, tinha fôlego até o final da carreira, ganhando de muitos garotos. Começou nas escolinhas do Moésio, quando o excelente time passou mais de 100 partidas sem conhecer derrota, feito notável, que foi destaque nacional.

Em 1983 começamos muito mal na Taça de Ouro. Desclassificados na 1ª fase, somos relegados à Taça de Prata. Lá também a campanha não é boa. Somos 39º lugar na Taça Ouro (44 equipes) e 12º na Taça de Prata (44 equipes). No 2º semestre, uma mudança de postura. O Fortaleza, através de seu presidente Ney Rebouças, resolve gastar para fazer um grande time. O Fortaleza contrata atletas como Tadeu, do Fluminense, Luizinho das Arábias, Julio César (O Uri Geller, pela capacidade de entortar os laterais adversários), do Flamengo, Wescley e Edson, do Botafogo, além de Marquinhos, do Vasco da Gama. Marquinhos, quando voltou ao Vasco, foi convocado para a Seleção Brasileira três semanas depois. O campeonato foi fácil. O 1º turno foi ganho invicto. No 2º turno, derrota apenas para Guarany de Sobral e Icasa. Perdemos o 3º turno novamente por relaxamento. Na partida extra, vitória por 2x0 (dois gols de Luizinho, artilheiro com 33). Após o 1º gol, o zagueiro Israel agrediu o atacante. Após ser expulso, tornou a agredir, causando uma briga de todos os atletas. Serenados os ânimos, Luizinho fez mais um para fechar o caixão. Foi um grande time, que muito facilmente batia nos rivais locais, e está gravado na memória de quem o viu (Salvino, Caetano, Basílio, Tadeu e Clésio; Serginho, Ribamar e Wescley; Edson, Luizinho e Marquinhos (Edmar)).

Em 1984 fizemos belo papel no Campeonato Brasileiro. Na 1ª fase nos classificamos (grupo A), vencendo Vasco da Gama e São Paulo. Para a 2ª fase, caímos no grupo K, com Santos, Palmeiras e CRB. A estréia é contra o Santos, na Vila Belmiro, e empate em 1x1. Depois, Estádio Parque Antártica contra o Palmeiras, e vitória por 1x0. Classificamos novamente, junto com o Santos. Na 3ª fase, caímos novamente no grupo da Vasco (vice-campeão brasileiro daquele ano) e caímos fora do campeonato. Fomos o 15º lugar num campeonato de 41 clubes. Nosso destaque neste campeonato foi o goleiro Sérgio Monte. Com grandes atuações, tornou-se líder da Bola de Ouro, prêmio ao melhor atleta do campeonato. O goleiro do Vasco, Roberto Costa, teve que ?receber? cinco notas 10, além de duas notas 9 nos seus últimos sete jogos, e receber um bônus de 0,2 pontos na média final por ser finalista, para apenas empatar com a média de nosso goleiro. Sérgio Monte ficou sem nada, porque tinha jogado algumas partidas a menos na competição. Foi uma grande injustiça. Este excelente goleiro surgiu nas categorias de base, e esteve nas cogitações do São Paulo. Uma perna quebrada em um lance casual abreviou sua curta, mas marcante carreira. A saída de Ney Rebouças e de seu grupo de amigos no 2º semestre torna o time fraco para o estadual, embora termine o campeonato em 2º lugar.

Na Taça de Ouro de 1985, apenas uma vaga para o futebol cearense. Jogando contra times fracos, sem enfrentar os grandes clubes, o representante cearense até vai longe, usando esse atalho. O Fortaleza joga a Taça de Prata, apesar da excelente campanha no brasileiro anterior. Coisas de bastidores. É um torneio estilo mata-mata. Vencemos o Ríver do Piauí (3x1 e 2x0) na 1ª fase. Na 2ª fase o adversário é o Treze paraibano, e novamente passamos, desta vez apertadamente (1x3 e 3x0). Na semifinal perdemos a vaga à final para a Tuna Luso do Pará (que seria campeã). Terminamos em 5º lugar entre 24 clubes.

Para o 2º semestre, não formamos um time forte. Mas contratamos um grande técnico, José Macia, o Pepe. No 1º turno, o adversário vence-o invicto, confirmando os prognósticos de toda a imprensa. Mas relaxa no 2º, nem mesmo chegando ao quadrangular final. Numa disputa renhida contra o Ferroviário, vencemos e nos credenciamos para a partida final, jogando pelo empate (6 pontos a mais no campeonato). O time, aparentemente limitado, tinha um grande estrategista fora dele. Colocou o zagueiro Tadeu na frente da zaga (Gilmar e Cláudio Marques) que fez talvez sua maior atuação na carreira. Sem perder a viagem, se pudesse acertava a bola, se impondo e afastando os adversários de nossa área. Alguns no 2º tempo ficarão bem longe de nossa área mesmo. No final da partida sofrida, Maciel ainda recebeu sozinho no campo adversário e entrou livre contra o goleiro. Seu chute foi tão forte, que após a bola bater na trave, voltou para o meio do campo. Mas o empate de 0x0 bastava. Um campeonato conquistado na garra e fibra, contra as expectativas, como é nossa característica. O time que jogou a final era Salvino, João Carlos, Gilmar, Cláudio Marques e Agnaldo; Tadeu, Ribamar e Adilton; Hamilton Rocha, Maciel (Marcelo) e Tangerina (Zé Carlos Baiano). O treinador Pepe seguiu após este título, para a Internacional de Limeira, onde ganhou o Campeonato Paulista, numa sofrida (de novo) final contra o Palmeiras. No 2º semestre, vence com o São Paulo o brasileiro. Três títulos seguidos de Pepe, com muito brilho.

O Campeonato Cearense abre o calendário em 1986. Um adversário vence o 1º turno com tranqüilidade. Quando se acreditava que também venceria o 2º, perde a partida (1x0) e o returno para o Leão. Nas finais, perdemos as duas partidas na melhor de três. Neste campeonato, nada menos que 12 jogos foram realizados entre Fortaleza e Ceará, com duas vitórias para cada e oito empates. No brasileirão, campanha fraca, e ficamos em 62º lugar, entre 80 equipes. Um campeonato inchado, cheio de torneios paralelos classificando para as fases seguintes, que não empolgou.

O calendário de 1987 começa com o estadual. Vencemos o 1º turno (2 pontos extras para a final), fomos vice no returno (1 ponto extra) e clube de melhor campanha (1 ponto extra). Administrando a vantagem, fomos novamente campeões cearenses empatando em 0x0 o jogo final. Derrotado no campo, o Ceará tentou no TJD reverter o título, mas os argumentos fracos impediram o sucesso do pleito. O time que jogou a final foi Zé Luis; Caetano, Basílio, Nilo e Marcelino; Alberto, Jacinto (Adilton) e Assis Paraíba; Gilson, Frank e Marcão. O centroavante reserva Da Silva foi o artilheiro com 19 gols. Um fato inusitado ocorreu no dia 09/07/1987. No intervalo do jogo contra o Quixadá, garotas seminuas desfilaram no gramado. Apesar da aparente aprovação da maioria dos arquibaldos, a ?atração? não foi repetida.

O Brasileiro de 87 foi uma bagunça. Uma fórmula, que até hoje não definiu um campeão isolado, dividia (sem critério lógico) os clubes em 4 módulos. Disputamos o Módulo Branco. A campanha não foi boa, e ficamos em 13º entre os 24 clubes.

O time preparado para o estadual de 88 era fraco, e não chegamos a final (alguém lembra do goleiro Cláudio, o zagueiro Freitas, do lateral Sales, do meio campo João Luis, ou dos atacantes Gilberto e Fernando Roberto?). Neste estadual, até o Tiradentes ganhou turno e o artilheiro foi do Quixadá. No semestre segundo, resolvemos não participar do Campeonato Brasileiro, em nenhuma de suas divisões.

Em 1989 outro estadual fraco, e nenhum turno vencido. No 2º semestre, voltamos ao Brasileiro jogando na 2ª divisão. Disputando o Grupo D (com três clubes cearenses e três piauienses), terminamos em 1º lugar a 1ª fase (o outro classificado foi o Ceará). No mata-mata caímos frente ao Clube do Remo. Fomos o 28º entre 96 equipes.

1990 é ano de Pedro Diniz, Racinha e Bugrão. Ainda assim somos vice. Para o 2º semestre, o Brasileiro, onde somos relegados à 3ª divisão. No Grupo A, vamos em frente (junto ao Paysandu). No mata-mata, nosso algoz é o América-RN. Terminamos em 7º lugar, entre 30 clubes.

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