1951 À 1960

Em 1951 o Estádio Municipal (PV) foi fechado para reformas. Como alternativa, todos os jogos do campeonato foram disputados no Estádio Carlos de Alencar Pinto. A FCD ainda fez um empréstimo de Cr$ 10.000,00 (Dez mil cruzeiros), valor considerável, ao Ceará para ajudá-lo no Estádio. Precisa dizer quem foi campeão? O detalhe é que o campeão só não conseguiu derrotar um adversário. O jogo contra o Fortaleza foi 3x3.

Em 1952 fomos terceiro lugar, numa campanha discreta, mas o artilheiro foi o Moésio, filho do Cel. Mozart Gomes, com 10 gols. O Cel. Mozart foi um homem de extremado amor ao Fortaleza, e teve dois filhos que brilharam com nosso manto sagrado. O já citado Moésio e seu irmão mais novo, Mozart. Mozart é considerado por muitos desportistas, o maior craque que já jogou em clubes cearenses em todos os tempos. Uma das muitas histórias sobre o Cel. Mozart fala da renovação do zagueiro Sapenha, também personagem de muitas outras histórias. Os valores recebidos pelos atletas naquela época eram muito diferentes dos de hoje. A maioria, quando não conseguia emprego público ao encerrar a carreira, ficava na miséria. Pois Sapenha resolveu que só renovaria contrato se lhe dessem uma geladeira, artigo de luxo para a época. No dia seguinte, Cel. Mozart desembarcou no Fortaleza com uma geladeira, usada, mas em bom estado. O problema de Sapenha estava resolvido. O problema a resolver seria a geladeira da casa dele, que tinha saído para ?conserto?. E que a patroa não soubesse dessa loucura.

Em 1953 foi confirmada a mística das camisas tricolores, da garra, luta e fibra que caracteriza o Fortaleza desde a sua criação. O campeonato foi disputado em dois turnos. O Fortaleza vence o 1º turno com sete vitórias em sete jogos. O Ferroviário vence o 2º. No 1º jogo da melhor de três, vitória coral por 2x0. Na segunda partida, empate em 0x0. Na terceira partida, com grande festa do Ferroviário, já comemorando seu primeiro bi-campeonato, o Fortaleza faz um gol no final do jogo, ganhando por 1x0 e adiando a decisão para a prorrogação. No início da prorrogação, Nirtô faz 1x0 para os corais. Um pênalti no início do 2º tempo da prorrogação para os corais parecia selar o destino do campeonato. Parecia. O pênalti foi desperdiçado, e Salvador marcou duas vezes para o Fortaleza, inacreditavelmente campeão. A manchete do jornal ?O Povo? de 29/03/1954 estampava:

? O FORTALEZA PERDEU O TÍTULO DUAS VEZES, MAS ACABOU CAMPEÃO.

O artilheiro do campeonato foi novamente Moésio, com 18 gols. O time base era: Walter, Sapenha e Jarbas; Gera, Vareta e Piolho; Genu, Aluísio, Moésio, Ananias e Salvador.

Mais um bi-campeonato marcou o ano de 1954. Aliás, uma característica do Fortaleza. Quando é campeão, geralmente ganha o ano seguinte também. Os vencedores dos turnos foram Fortaleza e América. Ganhamos a primeira, e empatamos as duas seguintes. O artilheiro foi novamente Moésio, desta vez com 11 gols. O time base era: Aloísio II (lê-se Aluísio Segundo), Gera e Sapenha; Veras, Nilton e Vareta; Salvador, Aluísio I, Moésio, Tonico e Antoni.

Nos anos de 1955 e 1956, registro apenas para os títulos dos ?pequenos clubes?, Calouros do Ar (com três anos de fundação) e Gentilândia.

Em 1957 foi registrado o famoso gol de mão de Honorato na prorrogação da final, dando ao título, e ao seu ganhador, a marca da vergonha. Isto sem falar que o Fortaleza (3º colocado) derrotou o ?campeão? as duas vezes neste certame. Mas em uma delas eles reverteram o placar... no tribunal.

Também neste ano, o Fortaleza comprou o terreno onde até hoje fica sua sede, no bairro do Pici. O Estádio leva o nome de Alcides Santos, e as edificações (alojamentos para atletas) levam o nome de Otoni Diniz. A compra do terreno e inicativa de homenagear o fundador do Fortaleza partiram do então presidente Carlos Rolim Filho. Para ver mais detalhes sobre o assunto, clique aqui

Em 1958 terminamos como vice-campeões.

O ano seguinte (1959) marca o início de uma das maiores fases do Fortaleza em todos os tempos. Afastado do título, o Fortaleza, depois de fracassar no 1º turno, vence os dois seguintes de forma categórica, e vencendo o Ceará na melhor de três, recupera a taça, que como todas, tem cheiro tricolor. Bececê foi o artilheiro, com 21 gols. O time base era: Aluísio II, Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Aluísio III; Benedito, Pedro, Mozart, Zé Raimundo e Bececê.

O Fortaleza começa o ano de 1960 tirando do Ceará o goleiro Harry Carey e o dianteiro (atacante) Walter Vieira, numa jogada ousada do Presidente Otoni Diniz, um dos maiores presidentes do Fortaleza em todos os tempos, não só por títulos, mas pelo patrimônio que deixou ao sair. O Fortaleza estava se tornando não o melhor time do estado, mas o melhor da região. O campeonato foi um passeio, culminando com uma goleada de 3x0 na final. O time base era: Aluísio II (Harry Carey), Ninoso (Mesquita) e Sapenha; Toinho, Célio e Renato; Nagib, Walter Vieira, Ferreira, Charuto e Benedito. Neste ano estreamos na Taça Brasil, o campeonato brasileiro da época. A Taça começou a ser disputada no ano anterior, mas o representante cearense teve campanha pífia, sendo desclassificado no 1º adversário.

O Fortaleza estreou contra o ABC de Natal, empatando por 1x1 fora e vencendo por 3x0 em casa. Depois nossa chave indicou o Moto Clube como adversário. Vencemos de 2x0 em casa, e um empate de 1x1 fora nos classificou mais uma vez. O próximo adversário era uma pedreira. Simplesmente o 1º campeão brasileiro, o Bahia, que tinha vencido na final do ano anterior o Santos de Pelé. As expectativas não eram muito boas, e o resultado do 1º jogo pior ainda. Empate em 0x0 no Presidente Vargas. Dez dias depois (26/10) o Fortaleza desclassificava o campeão brasileiro vencendo-o por 2x1 em Salvador. Nas semifinais do campeonato, nosso adversário era o Santa Cruz, campeão pernambucano. No 1º jogo, empate em Recife por 2x2. No 2º jogo, vitória por 2x1 em casa. Estávamos na final do brasileiro. Os jogos foram realizadas nos dias 22 e 28 de dezembro de 1960. O adversário era o poderoso time do Palmeiras, campeão paulista, desbancando o Santos, de atletas como Valdir de Morais, Djalma Santos, Humberto Tozzi e o fantástico Julinho Botelho, um dos maiores dribladores da história do nosso futebol. No primeiro jogo, o Palmeiras se impõe com uma vitória de 3x1, gols de Romeiro (2) e Humberto Tozzi, descontando Bececê (que foi artilheiro do certame nacional, marcando sete vezes). No jogo de volta, precisando de um empate, o Palmeiras leva um grande susto quando Charuto cala o Estádio Pacaembu fazendo Fortaleza 1x0. O jogo permanece disputado, com o placar apontando 4x2 para os paulistas, ao final do 1º tempo. No 2º tempo, nosso time cansou e permitiu a goleada por 8x2. O árbitro da final da Taça Brasil de 1960 foi Ricardo Bonadies. O Palmeiras jogou com Valdir de Morais; Djalma Santos, Valdemar Carabina e Jorge; Zequinha e Aldemar; Julinho Botelho, Cruz, Humberto Tozzi, Chinesinho e Romeiro. O Fortaleza jogou com Pedrinho; Mesquita, Sanatiel e Ninoso; Toinho e Sapenha; Nésio, Walter Vieira, Benedito, Charuto e Bececê. Os gols da final foram de Cruz (2), Chinesinho (2), Zequinha, Romeiro, Julinho Botelho e Humberto Tozzi para o Palmeiras e Charuto (2) para o Fortaleza. O lado folclórico da final foi o jogador Ninoso, que afirmou aos jornalistas paulistas que, com ele, Julinho nem andaria, pois daria um nó nele. Quando no 2º tempo Julinho Botelho dava um banho de bola e dribles em campo, Ninoso gritou para Sapenha;

- Sapenha, me acuda!

Sapenha respondia;

- Tu insultô o "homi", agora ti vira!

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