1961 À 1970

O campeonato de 1961 não foi bom para o Tricolor. Só disputamos efetivamente o 1º turno. Na Taça Brasil vencemos o ABC (3x1 e 1x1). Jogamos em seguida com o Remo. Derrota lá por 1x0 e vitória aqui por 2x1. No jogo extra, nova vitória por 2x0. Então, novamente o Bahia pela frente. Duas derrotas (2x0 e 3x2) nos desclassificaram. Neste ano, o jornalista José Raimundo Costa, ex-presidente do Fortaleza, cria o slogan ?Clube da Garotada? (outras fontes atribuem a Sílvio Carlos a criação do slogan, e a Joracos a divulgação e trabalho com crianças). Esta campanha, somada às festas do homem do charuto, Luis Rolim Filho, o trabalho de bastidores de Antônio Gumercindo, comerciante de tintas da Rua São Paulo, onde dizem, muitos campeonatos foram decididos, sem falar de Jackson de Carvalho e suas marchinhas, plantou a semente para transformar o Fortaleza no clube mais popular da cidade, o que hoje é uma realidade incontestável. Sobre o Rolim, suas festas acabavam no domingo antes dos jogos, e ele disponibilizava ônibus para levar todos ao estádio. É por isto que 80% das mulheres torcem Fortaleza, desde aquela época.

Em 1962, o clube fica em 3º lugar, pois, na última partida, teve sete atletas expulsos contra o Ceará e, portanto, o jogo não terminou. A vitória nos daria o título. No jogo contra o Gentilândia (12x1) o atacante Haroldo Castelo Branco marcou sete vezes. Ele foi o artilheiro Tricolor e do campeonato com 31 gols.

O Estádio Municipal Presidente Vargas sofre uma ampliação em 1963. De seus 12.000 lugares, passa e comportar 40.000, e é inaugurado no dia 08/09. O campeonato cearense foi disputado sobre desconfiança, devido às arbitragens do ano anterior. O Fortaleza não se apresentou bem.

O Campeonato de 1964 foi muito disputado, sendo decidido numa partida extra entre Fortaleza e Ceará. O placar apontou 2x0 para o Tricolor de Aço, gols de Mesquita e Didica. O artilheiro do campeonato foi Mozart, com 20 gols. O time base era: Luis Mário; Mesquita, Zé Paulo, Genival e Carneiro; João Carlos e Benedito (Birungueta); Paraíba, Mozart (Didica), Zé Raimundo e Zé Augusto.

No campeonato de 1965 alcançamos mais um bi-campeonato, uma tradição do clube. O Fortaleza venceu os dois turnos, e perdeu apenas dois jogos dos 22 que disputou. O time base era: Luis Mário; Renato (Mesquita), Zé Paulo, Genival e Carneiro; João Carlos e Zé Augusto (Benedito); Birungueta, Facó, Croinha e Mozart. Neste ano voltamos à Taça Brasil. No Norte-Nordeste do Brasil, se destacavam três clubes, pelos seus resultados: Bahia, Náutico e Fortaleza. Apesar das fracas campanhas dos representantes cearenses nos anos anteriores, o Fortaleza não disputou as primeiras fases. Entrou diretamente nas quartas-de-final, enfrentando o Náutico. Fomos desclassificados em duas partidas muito disputadas (2x3 e 2x3).

O América foi o fantasma de 1966. Ganhou os três turnos e não deu chance a ninguém. O Fortaleza fez o artilheiro do estadual com Croinha (15 gols). Na Taça Brasil, começamos com o Paysandu (3x1 e 1x1) e perdemos para o Vitória da Bahia.

Em 1967, começa a vingar um trabalho nas categorias de base do Leão do Pici. As famosas escolinhas do Moésio formam mais da metade do time campeão. Os frutos deste trabalho vingaram até meados dos anos 70, quando o time amador alcançou a fantástica marca de cem jogos invicto. O Fortaleza vence o 2º turno e vai decidir o campeonato com o Ferroviário, vencedor do 1º. Mas o Fortaleza tinha um problema: Croinha, rapaz humilde, resolve deixar a esposa e passa a namorar uma menina nova, dessas que vivem ao redor dos campos de futebol. E os gols somem. Indagado pelos dirigentes, ele diz que sua mulher fez um ?trabalho? e suas pernas estão amarradas, e ele não podia mais fazer gol. Vem o 1º jogo, da melhor de três, e o Ferroviário vence por 1x0. Como Croinha acreditava mesmo no ?trabalho? e não estava rendendo nada, três diretores resolveram tentar uma jogada arriscada: Abdias Veras, Gumercindo e Fares Lopes procuram Croinha e lhe dizem que, em conversa com uma rezadeira e macumbeira muito afamada, confirmaram o feitiço. O encanto só se quebraria se Croinha comesse manga verde de madrugada. Então, os três iam à noite aos alojamentos do Fortaleza, tiravam Croinha da cama, e o levavam para debaixo das frondosas mangueiras da sede Tricolor. O crédulo jogador era obrigado a comer pelo menos duas mangas verdes por noite, apesar do medo de morrer (fiquem tranqüilos! Ele não morreu por causa disso). No dia 13/12 o Fortaleza entrava em campo para o 2º jogo contra o Ferroviário. Croinha não faz gol, mas dá o passe para os dois gols do jogo. O Fortaleza vence de 2x0. Todo feliz, ele no vestiário diz que o encanto está mais fraco. Era a senha. Tome manga verde no rapaz por mais quatro dias (com a dosagem aumentada para três mangas por noite). No jogo final, 3x2 Fortaleza, dois de Croinha, mas isto já é história. Croinha é artilheiro do campeonato com 12 gols, e o time base era: Pedrinho, Louro, Zé Paulo, Renato e Carneiro; Luciano Frota e Joãozinho; Mano, Humaitá, Croinha e Coelho.

Em 1968, depois de um jejum de 16 anos, o Ferroviário toma o bi-campeonato nosso. Mas, a nível nacional, o Fortaleza volta a brilhar. A Taça Brasil de 1968 durou quase um ano. Começou em 04/08/68 e foi decidida em 04/10/69. O Fortaleza mais uma vez não joga nas primeiras fases, graças ao seu nome e prestígio. Moto Clube-MA, Paysandu-PA, Olímpico-AM, Piauí-PI, América-RN, Campinense-PB, CSA-AL e Bahia-BA disputam o privilégio de enfrentar o Fortaleza. Nosso adversário é o Bahia, que elimina CSA, Sergipe e Moto. Perdemos de 1x0 em Salvador, mas devolvemos a derrota pelo mesmo placar em Fortaleza. O jogo extra aponta nova vitória do Fortaleza, agora por 2x1. Nosso adversário na semifinal é o Náutico, hexa-campeão pernambucano e vice-campeão brasileiro do ano anterior. Vencemos por 2x1 em casa, mas perdemos também por 2x1 em Recife. O jogo extra, fora de casa, parecia selar nosso destino, mas o Tricolor de Aço vence por 1x0, credenciando-se mais uma vez a decidir o título máximo nacional. O adversário era o Botafogo, do Rio de Janeiro. No 1º jogo, empate em 2x2, numa grande atuação de nosso clube. Na 2ª partida, perante 13.588 pagantes, o Botafogo é campeão vencendo de 4x0 e jogando com Cao, Moreira, Chiquinho (Leônidas), Moisés e Valtencir; Carlos Roberto e Afonsinho; Rogério, Roberto, Ferreti, Paulo César. Jairzinho, contundido, não jogou a final. O Fortaleza formou com Mundinho, William, Zé Paulo, Renato e Luciano; Joãozinho e Luciano Frota; Garrinchinha, Lucinho, Erandir (Amorim), Mimi.

Com exceção de Mundinho, Garrinchinha e Erandir, o Fortaleza dispensa todos os atletas ?estrangeiros? ou não cearenses do elenco e vários juvenis são promovidos no ano de 1969. José Raimundo Costa, o presidente de então, chama Moésio Gomes dos juvenis para assumir a direção técnica. Dá tudo certo. Com apenas uma derrota, o Fortaleza vence os três turnos e é campeão arrastão. A política criticada é vencedora. O artilheiro foi Erandir com 15 gols. O time base era Mundinho (Gilberto), William, Zé Paulo, Renato e Luciano Abreu; Luciano Frota e Joãozinho; Garrinchinha, Mozart (Lucinho), Erandir e Mimi.

Em 1970 é inaugurado o Estádio Romeirão, em Juazeiro do Norte. Convidados dois grandes clubes brasileiros para o 1º espetáculo. Cruzeiro de Minas Gerais e o Fortaleza. O Fortaleza fica longe do título estadual, mas a nível nacional volta a brilhar. Vence pela 4ª vez o Norte-Nordeste, título ainda inédito em nosso futebol (1946, 1960, 1968 e 1970). Na 1ª fase ficamos no Grupo 1 da Zona Nordeste, com Flamengo, Piauí e Ríver, todos do Piauí, Sampaio Correa, Maranhão e Moto Clube, todos do Maranhão, além do Guarany de Sobral. Estreamos em casa contra o Moto (3x0) no dia 11/10/1970 e terminamos a 1ª fase no dia 08/11/1970 com uma vitória contra o Guarany por 2x1. Terminamos em 1º lugar com quatro vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Para a fase do Nordeste classificaram-se Sport-PE, Flamengo-PI, Galícia-BA, Campinense-PB, além de Fortaleza e Ceará. Disputando duas vagas para o quadrangular final, o Fortaleza estréia nesta fase vencendo o Galícia por 3x2. Vence também o Flamengo e o Ceará, terminando com três vitórias, um empate e uma derrota. Classificam-se para o quadrangular final Sport e Fortaleza. Da chave norte vem o Fast Clube-AM e o Tuna Luso-PA. Veja a tabela da final que deu mais um título ao Tricolor do Pici:

1º TURNO 2º TURNO

FOR 0x0 SPO FOR 2X1 TUN
FAS 1x1 TUN SPO 1X0 FAS

FAS 1x1 FOR FOR 4X1 FAS
TUN 3X0 SPO SPO 2X0 TUN

FAS 3x0 SPO TUN 0X1 FAS
TUN 0X0 FOR SPO 2X1 FOR


Fortaleza e Sport terminaram com sete pontos ganhos, mais ganhamos o título no saldo de gols (3 gols para nós, contra 2 gols negativos do Sport).

0 comentários: