1971 À 1980

No ano de 1971, uma final estranha marca o fim de um longo jejum de títulos do Ceará, depois de sete anos de fila, sem saber o que era ser campeão. Ganhadores dos dois turnos, Fortaleza e Ceará partem para uma melhor de três. Na primeira partida, derrota por 1x0. No 2º jogo, empate em 0x0. No 3º jogo, Mimi abre o placar para o Leão. Após o adversário empatar, Mimi novamente desempata. Após o tempo regulamentar, o árbitro marca falta inexistente na entrada da área Tricolor. Durante a discussão, a cobrança é feita e a bola entra no gol. A torcida do Fortaleza invade o gramado do Estádio Presidente Vargas, sendo seguida pela torcida adversária. Acontece uma batalha campal no gramado do estádio. No dia seguinte, aparece uma súmula afirmando que o jogo terminou 2x2. Nos bastidores de nosso futebol se afirma que não foi o árbitro Armando Camarinha quem a redigiu e assinou. Ele fugiu do estado e nunca mais apitou futebol. Neste ano, o futebol se desmembra da Federação Cearense de Desportos, e é criada a Federação Cearense de Futebol.

Em 1971, a CBD (depois CBF) resolve realizar o 1º campeonato nacional. Mas, os critérios de participação eram totalmente políticos, desprezando os critérios técnicos e de tradição. O resultado é que o futebol cearense foi representado em 1971 por um clube afastado de títulos estaduais por quase uma década e que acabou o campeonato nacional numa vexatória última posição (repetindo seu feito do 1º campeonato cearense). O Fortaleza recusou o convite para integrar a 2ª divisão em 1971, mas em 1972, com a promessa de jogar na 1ª divisão em 1973, participamos do campeonato. A campanha não foi boa. Ficamos em 4º (classificavam-se dois) na 1ª fase, jogando no grupo de Sampaio Correa e Moto Clube do Maranhão, Tiradentes e Flamengo do Piauí e Guarany de Sobral.

Dois campeonatos foram disputados em 1972. No início do ano, alegando irregularidade na eleição da FCF, Fortaleza, Ferroviário, América e Ceará pedem afastamento da federação e fazem um campeonato, denominado Torneio Justino Cavalcante Barros. Este campeonato não foi reconhecido pela FCF, que conciliou com os clubes e realizou o 2º campeonato do ano, marcando a volta do Maguary. Mas a volta foi efêmera e a torcida, que tinha se voltado para o Fortaleza na década de 40, não foi reconquistada. O time base de 1972, que conquistou o 1º campeonato cearense do ano, era: Lulinha (Cícero), Louro, Biluca, Dimas Filgueiras e Pedro Basílio; Chinezinho (Serginho) e Zé Carlos; Amilton Rocha, Miguel, Leônidas e Nado.

Sob a expectativa da eminente inauguração do Estádio Plácido Castelo, o campeonato de 1973 deveria ser o último decidido no velho PV. O ano marca novamente uma invasão do gramado pela torcida Tricolor. Aconteceu em um jogo contra o Calouros do Ar (4x5), devido a uma arbitragem desastrosa de Edson Cordeiro. O Fortaleza vence o 1º turno, mas perde o 2º para o Ceará. Uma partida decisiva é marcada para o dia 8 de agosto de 1973, terminando empatada. Logo aos 3 minutos da prorrogação, Amilton Rocha marca o gol que daria o título do ano. Este gol valeu uma placa no estádio, devido a sua importância histórica (acreditava-se que seria a última decisão no PV). Marciano foi o artilheiro do estadual com 17 gols. O time daquele ano era Cícero, Louro, Pedro Basílio, Queiroz e Bauer; Chinezinho e Zé Carlos; Amilton Rocha, Serginho, Marciano e Plínio. Outros atletas utilizados: Lulinha, Lucinho e Beijoca.

Neste ano de 73, finalmente nosso futebol se faz bem representar no Brasileiro. O Fortaleza estréia na competição de 40 clubes, terminando em 7º lugar geral da 1ª fase (10V, 15E, 3D, 32GP, 19GC). O 1º jogo acontece no dia 25 de agosto em Recife contra o Sport (0x0). A 1ª partida em casa é contra o Bahia (1x1, nosso gol de Marciano). Entre as vítimas do Tricolor na 1ª fase podemos citar Coritiba, América-RJ e Fluminense. Caindo de produção na 2ª fase, terminamos o campeonato em 18º lugar, como melhor cearense na competição. Neste campeonato, o Castelão é inaugurado, com um empate em 0x0 entre Fortaleza e Ceará.

A temporada de 74 começa pelo 4º Campeonato Nacional. Quarenta clubes na disputa, com dois representantes cearenses. O Fortaleza fica no grupo B com Atlético, Cruzeiro e América de Minas Gerais, Guarani, São Paulo, Santos, Corinthians, Portuguesa e Palmeiras de São Paulo, Náutico, Sport e Santa Cruz de Pernambuco, Rio Negro e Nacional do Amazonas, Operário do Mato Grosso do Sul, Goiás de Goiás, CEUB de Brasília e CSA de Alagoas, além do rival local. Nos classificamos para a semifinal com oito vitórias, entre as quais, goleada no Guarani, vitórias contra Corinthians e Palmeiras, e com uma vitória sobre o Atlético-MG por 1x0, passando a ser o 1º e único clube cearense a vencer um jogo no Mineirão. Na disputa por uma vaga na final, ficamos em 3º lugar no grupo 3 sofrendo apenas uma derrota, jogando contra Santos (1x1 na Vila Belmiro), Grêmio, Náutico, Coritiba e América do Rio (3x0 para nós). Terminamos o campeonato na 16ª posição. O outro cearense na disputa foi o 31º. O lateral direito Louro, do Fortaleza, é considerado o melhor do campeonato, fazendo jus ao troféu Bola de Prata.

No 2º semestre, o Campeonato local, com dois turnos distintos. O Ceará vence o 1º turno. No 2º turno, o Fortaleza estréia no pentagonal decisivo do 2º turno apenas empatando com o Tiradentes (2x2). No dia 19/03/75 entra em campo para enfrentar o Ceará na decisão do 2º turno, com o adversário precisando apenas do empate para ser campeão arrastão. Mas o resultado é uma goleada humilhante de 4x0 para o Leão do Pici, três gols de Geraldino. Mais duas partidas são marcadas para os dias 23 e 26/03/75 para decidir o campeão. No 1º jogo, vitória Tricolor por 1x0, gol de Geraldino aos 44 minutos do 2º tempo. No 2º jogo decisivo, aos oito minutos do 2º tempo o placar já apontava 3x0 para o Fortaleza (Amilton Melo (2) e Haroldo). No final do jogo, Clovis diminui o vexame. Foram três vitórias seguidas em apenas sete dias, coisa nunca vista ou repetida. O artilheiro do certame foi Beijoca, com 26 gols. Beijoca deixou o Fortaleza no início do 2º turno, mas não foi alcançado. Ivanildo, do Ceará, atingiu 25 gols no início do pentagonal decisivo do 2º turno, e jogou as quatro partidas seguintes sem marcar, para desespero de alguns. O time na final era Lulinha, Louro, Pedro Basílio, Ozires e Roner, Chinezinho (Íris), Lucinho, Zé Carlos e Amilton Melo; Haroldo e Geraldino.

Em 1975 perdemos o campeonato nas finais. O adversário jogava por dois empates, mas ganhamos a 1ª partida por 2x0. Na 2ª partida, o Fortaleza mostrou-se sonolento e cansado em campo, perdendo por 2x0. Depois do jogo, um gabola diretor de outro clube, alardeou pela cidade, sem pedir segredo, ter comprado um atleta do Fortaleza para colocar tranqüilizante no suco ingerido pelos atletas no almoço, e garantia que não pagou, enganando o suposto atleta vendido. Terá acontecido? Haroldo, do Fortaleza, é artilheiro com oito gols. No segundo semestre, novamente o Campeonato Brasileiro, agora chamado 1ª Copa do Brasil. O Fortaleza não faz boa campanha, e é apenas o 27º colocado em meio a 42 clubes. Mesmo assim, é o melhor representante cearense.

Em 1976, o estadual marca o abandono definitivo do Maguari. Ganhamos um turno, mas perdemos o estadual no empate de 0x0 no jogo final. No segundo semestre, a 2ª Copa Brasil (campeonato brasileiro da época). O Fortaleza fica no grupo C, ao lado de Corinthians, Guarani e Ponte Preta de São Paulo, Nacional e Rio Negro do Amazonas, Remo e Paysandu do Pará, além do Ceará. Na estréia, derrota por 2x1 para o Corinthians no Pacaembu. O resultado irritou o estourado técnico Urubatão Nunes, que afirmou que não perderia para mais ninguém na 1ª fase. A partir daí vencemos o Remo, Ceará, Paysandu (fora, por 5x1) e Ponte, empatando com Nacional, Rio Negro e Guarani (em Campinas). Terminamos a 1ª fase atrás apenas do Corinthians. Na 2ª fase demos azar. Caímos no grupo de Internacional e Fluminense, e só classificavam dois clubes. Como curiosidade, terminamos a campanha em 23º lugar (entre 54 clubes) com apenas três derrotas (Internacional campeão, Corinthians vice e Fluminense 3º colocado).

No estadual de 77 novamente ganhamos um turno, perdemos dois e empatamos o jogo final, perdendo o título. Amilton Melo, com 24 gols, é artilheiro Tricolor e do certame. No início do 3º turno, Amilton se transfere para o Ceará, onde joga apenas 10 meses, abandonando o futebol, desgostoso. No segundo semestre, a 3ª Copa Brasil (Campeonato Brasileiro) e os clubes cearenses não fazem boa campanha. Terminamos em 52º lugar, entre 62 clubes.

Em 1978, ano de Copa do Mundo, mudança no calendário. A 4ª Copa Brasil é no 1º semestre. Com uma campanha razoável, terminamos em 46º lugar, entre 74 clubes. No cearense, três vencedores distintos de turno. Perdemos o título no jogo final. O artilheiro foi Geraldino, do Leão, com 26 gols.

O ano de 1979 não foi bom de resultados. Ficamos apenas em 79º lugar no Brasileiro, entre 94 clubes. No estadual, melhor sorte não tivemos. Com um time frágil, ainda vencemos o 1º turno. Um triangular extra decidiu o campeonato. O Ferroviário derrotou o Ceará por 1x0 e colocou a mão na taça. Restava ao Ceará esperar que o Fortaleza derrotasse o time coral para lhe colocar novamente no páreo. Mas o Fortaleza não tinha time para enfrentar o futuro campeão, pois perdeu as três partidas para eles, todas de goleada (5x0, 3x0 e 3x0). Este último jogo deu ao Ferroviário o título. Desapontados e envorgonhados do seu time, que perdeu o campeonato no campo, derrotado pelo campeão, os dirigentes alvinegros debilmente acusaram o Fortaleza de abrir o jogo final. Só se o Fortaleza abriu três vezes, nas três goleadas que levou do campeão. Foi na realidade um argumento tolo, de quem merecia perder, devido à arrogância de quem se considerava campeão antes de entrar em campo. E ainda teve (e tem) quem acreditasse na desculpa...

Em 1980 o Fortaleza começa o ano na Taça de Prata (2ª divisão brasileira). No grupo C da 1ª fase, ficamos em 2º lugar do grupo. Na 2ª fase, novamente 2º lugar, mas só classificava o 1º para a final (Botafogo-SP). O Fortaleza é o 11º, entre 60 concorrentes. No cearense, campanha fraca, e nenhum turno ganho. O 3º turno poderia ter sido nosso com a vitória de 1x0 do Ceará sobre o Ferroviário. Mas o Ceará colocou um quinto amador em campo propositalmente, para perder os pontos do jogo. O Fortaleza protestou contra a manobra, mas o TJD foi conivente. O STJD não foi. A abertura foi punida, e o Ceará perdeu a vaga na Taça de Ouro (1ª divisão brasileira) para o Fortaleza.

Neste ano é concluído o Estádio Castelão, com o maior público pagante de sua história: 118.496 pagantes (Brasil e Uruguai). É deste ano também o maior público entre clubes de nosso campeonato cearense: 59.780 pagantes para Fortaleza e Ceará.

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